sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Mais de Seis Mil

Em manchete com letras garrafais, o Jornal O Liberal, edição de 20/11/2015 estampa na primeira página, publicação com a sentença: Mais de 6 mil mulheres são vitimas de violência, tendo sido as ocorrências registradas na região metropoltiana de Belém em 2015.
Segundo a chamada jornalística os números fornecidos pelas Delegacias de atendimento à Mulher, indicam que a violência ocorre, quase sempre, no âmbito doméstico, com lesão corporal e ameaças pelo companheiro.
E no prosseguir a matéria informa que a Secretaria de Estado de Justiça lançou, ontem, a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”.
Quando lemos as informações tem-se a sensação de que tudo é fácil de solução e que doravante a mulher não sofrerá mais agressão quer seja física,  moral ou em que modalidade for.
Mas, quando fazemos comparação com a realidade como os casos se desenrolam, desde a esfera policial até a esfera judicial, lamentavelmente conclui-se que entre a teoria e os fatos concretos e reais, há um vão enorme para ainda ser transposto.
Quem já passou ou viveu problema ligado ao tema, sabe perfeitamente que não é isso o que diz e mostra o script da vida real, desde a esfera policial até a esfera judicial. Ou seja, não é tão fácil como o tirar uma moeda do chapéu de um cego sem acompanhante, numa esquina qualquer.
Em primeiro lugar, entende-se que num caso de agressão a mulher, seja ela qual for, ou seja, se perpetrada física e moralmente pelo marido ou por outro cidadão que não seja o cônjuge, que o caso não fosse entregue a autoridade masculina, pois, ainda não há a mesma sensibilidade  que naturalmente deve haver se a autoridade for feminina
Por isso, quando o caso vai para a mão da autoridade masculina, o agressor já começa com certa vantagem e, a mesma situação em termos de fragilidade, percebe-se quando um lado tem poder econômico e o outro não. Pois não é novidade que, somos ainda e sim, um País machista,  preconceituoso.
E quando se fala de preconceito, o mesmo não se refere apenas à raça, mas praticamente em todos os aspectos, e mui especialmente o econômico e social.
A título de exemplificação, apesar da abordagem  da matéria ser a agressão a mulher, mas, ilustrando, há a sentença  que julgou pela improcedência da ação ajuizada contra determinada instituição e, a autoridade judicial, na ação cuja origem foi o cidadão pobre ter sido agredido fisicamente dentro da área da pessoa jurídica, por um de seus diretores, tendo este poder econômico e S. Excia, improcede a ação, dizendo que se a agresão houvesse sido praticada por funcionário da instituição caberia a ação de danos morais mas, como foi por  diretor, não cabia e mandou arquivar a ação.
Com a vivência dessa experiência é que, ações dessa natureza, conforme no inicio mencionadas, não se pode ler e tomar ao pé da letra que darão certo, que as agressões serão reduzidas, pois a realidade mostra outra face, dura e com o ar da desesperança. Se não, as estatísticas não mostrariam números em quantidade tão elevada.
E para usar mais uma realidade como exemplo, basta lembrarmos que a Lei Maria da Penha, já está em vigência há anos e mesmo assim, hoje se fala em 6 mil mulheres agredidas.
A verdade é que o estado brasileiro tem face paternal e maternal para atuar com peninha do agressor e de um modo geral com o bandido e, se este tiver poder econômico é quase certo que a impunidade estará presente.
Dizer que o acima é má vontade com a justiça, é saída simplista, pois a imprensa é farta em casos de crimes, agressões cometidas contra a mulher e que, se arrastam nos tribunais eternamente.
O Brasil há anos, necessita de um choque de alta voltagem, para vermos se entra nos eixos da normalidade, da moralidade, da seriedade e da ética.
Lúcio Reis
Belém do Pará, em 20/11/15



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