Chape,
Violência e a Lição
Quem me lê ou já me leu ao longo desses mais de 34
anos que publicamente exponho minhas idéias, convicções, pensamentos e conclusões,
talvez já tenha percebido que, raramente escrevo sobre esporte e mais
precisamente sobre futebol e assim, esta será uma dessas poucas vezes e, a razão
está no lamentável desastre aéreo que eliminou de única vez e da competição da
vida, a equipe de futebol da cidade de Chapeco no Paraná, a Chapecoense, carinhosamente
chamada por seus torcedores e admiradores de Chape e vitima fatal de acidente aéreo
a caminho da Colombia, para uma disputa com equipe daquele País.
Ante o tamanho da tragédia, em termos de quantidade de
vidas que se foram prematuramente e que, como o noticiário tem mostrado, tocou
sobre maneira os sentimentos de milhares de pessoas aqui, alí e em todos os países
e cada um expondo suas tristezas, registrando seus pesares com palavras de conforto
às famílias enlutadas e até mesmo à
comunidade que a equipe representa.
Pois bem, vamos acreditar que todos os registros de
condolências, de abatimentos e programação para prestar homenagem aos atletas e
profissionais da imprensa e também da aviação, que estavam naquela aeronave,
sejam verdadeiros, que os corações estão entristecidos, as mentes acabrunhadas
e todos lamentando e torcendo para que não se repita.
E então, ante toda essa lamentável realidade, chego ao
ponto principal que me conduziu a escrever esta crônica: a violência estúpida, inominável até, inexplicável mesmo e por isso
incompreensível, que toma conta de torcedores em bando, antes, durante e depois
de uma disputa de um título regional ou não, por qualquer campeonato, seja aqui
em Belém, ali em São Paulo, acola no Rio Grande do Sul, também na minha Minas
Gerais ou em qualquer outro estadio do Brasil e, óbvio, em qualquer nação mundo
afora.
Caso venhamos a usar a aritmética para somar quantas
vidas já foram eliminadas, simplesmente por que o time do José usa camisa azul
e o time do João entra em campo com uniforme vermelho, possivelmente teremos vários
desastres aéreos fatais, tal qual o que agora choramos.
Em função da brutal violência, quantos jovens foram
e entraram alegres e cantando num estádio
envergando a camisa de seu time e dele saírem para serem velados em velório em algum
necrotério. Quantas dezenas de torcedores, sequer chegaram ao estádio, pois
ficaram estendidos em via pública pela ação criminosa de torcedores da outra
equipe. E por isso mesmo,quantas famílias ainda hoje choram a perda do ente
querido!
Portanto, quem sabe, não se tome ou se tire essa relevante
lição dessa tragédia e seja um marco para implantação no mundo, de uma séria e
convincente campanha para que se tente, busque conscientizar, mostrar a
torcedores que são apenas adversários e não inimigos mortais e que, a minha
condição, minha opção de torcedor da equipe alvi azul, não me torna, não me faz
algoz ou ameaça de morte ao torcedor alvi negro.
Quem sabe o choro dos familiares dos atletas do Chape,
poderia servir ao evitar a lágrima derramada amanhã de algumas outras tantas famílias
que possam vir a assistir no noticiário que seu filho, ou qualquer ente querido
foi mais uma vitima de torcidas de clubes fora ou dentro de um estádio, ao ser morto por
uma paulada recebida covardemente, ou sob o peso de um vaso sanitário
arremessado irresponsavelmente, ou por uma pedrada tal como praticavam os
homens da caverna ou até mesmo linchado por uma turma de torcedores de equipe
contraria.
O esporte é razão de confraternização e união dos
povos e não, motivo de extinção da espécie humana.
Lúcio Reis
Escritor-Contista e Poeta
Belém do Pará.
Brasil
Em 29/11/2016
Prezados leitores com o presente solicito que ao lerem a cronica acima, leiam Chapeco em Santa Catarina e não no Paraná como, por um lapso registrei. Desculpem! Lúcio Reis
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