Autoridade! Estado? Desgraça...
Certa vez já escrevi que no Brasil, como
irresponsáveis crianças, brinca-se de estado e de que nesse folguedo infantil
tem até a figura da autoridade.
E quando escrevi foi com base em lastimáveis e
tristes fatos havidos e nos quais, vidas foram ceifadas sem chances de defesa e
proteção, posto que também, por outro lado, o cidadão brasileiro tem sua
considerável parcela de contribuição nos feitos, funciona ou atua como uma das
faces da moeda, pois não resta dúvida que só há o espertalhão pelo fato de que
no outro lado há um pseudo sabido e este, normalmente é o “pato” que paga com a
moeda da própria vida e, por isso ainda, sempre lembro e ilustro o que registro
com o trecho da letra cantada por Jackson do Pandeiro e que diz: “todo mal do
sabido é pensar que nunca foi enganado mas, também, como bobo muitas vezes já
foi apontado”. Logo, eis aí a pintura irretorquível do jeitinho brasileiro.
Nesse inicio de ano e há poucos anos, já dá
para colecionarmos uma quantidade nada confortável de vidas humanas ceifadas –
algumas centenas – sem falarmos daquelas que cruzaram as linhas de tiro, balas
perdidas, entre bandidos e policiais ou milícias, destruição sumaria do meio
ambiente, rios, florestas e cidades inteiras arrasadas e, um rosário de
desculpas e esquivar-se de responsabilidades e que consumem minutos, horas,
dias, meses até que não se fala mais na desgraça a nível de imprensa ninguem é
punido e, para ratificar é só não esquecermos de Mariana, Brumadinho, CT do
Flamengo, Escolas no Rio, viaduto em São Paulo e etc...
Porém, a desgraça que ora é a bola da vez e
que se abateu sobre o Rio de Janeiro, novamente, pois a pista Tim Maia já anda
sumida da mídia, tem a pintura surreal e cruel a mostrar a ausência de
autoridade e do estado, principalmente no que se refere ao zelo pela vida do
cidadão. E este, em muitas situações é o autor de sua desgraça, pois esquece
que em muitos casos e quase sempre, o barato sai caro.
O interessante e deverás muito interessante
ainda, é que não se ouve nenhum veículo de comunicação fazer referência ou
comentário a respeito de quem poderá ser penalizado e arcar com as
responsabilidades judiciais, a não ser o termo genérico e impessoal de que as
obras são erguidas pela milícia.
No entanto, todos que já viram e ouviram as
matérias em todos os veículos de comunicação, escutaram o seguinte: as
construções são erguidas da noite para o dia, não tem ART (Anotação de
Responsabilidade Tecnica que é expedida pelo CREA), simplesmente por que não
tem engenheiro responsável e por essa razão mesmo, a prefeitura, e o próprio
CREA deveriam empenhar-se e estancar ou desarmar a armadilha que são na
realidade cada bloco da aptos, pois ao longo de mais de uma década foram sendo
erguidas em área de preservação e na base de encostas e, não se trata, como
visto de um ou dois ou três blocos de aptos mas sim, de dezenas.
Ouviu-se, por outro lado, que quando fiscais
foram lá para promover interdição a milícia os colocou para correr. Ora!
Convenhamos o poder do crime, realmente se sobrepõe sobre a força do estado? Ou
que armas e poder de convencimento foram usados para não deixar o estado atuar?
Não podemos esquecer da Lei de Gerson, onde todos querem levar vantagens!.
Outro informe que comprova a ausência do
estado e da autoridade para fazer cessar o desmando e evitar o avanço da
ilegalidade é que foram expedidos mas de uma dezena de laudos de interdição e
os mesmos não foram cumpridos pelo fato de que a força da irregularidade e dona
dos imóveis e que os negocia, inclusive com anúncios nas redes sociais
mostrando telefones para contato, segundo informado pela imprensa, é maior e
mais forte do que a autoridade legal e constitucionalmente constituída.
Porém, o que é mais horripilante é ter sido
trazido a público que autoridade – uma juíza – judicial expediu alvará ou
mandado judicial em favor dos donos e portanto beneficiando os empreendimentos
e assim, em desfavor das vitimas, ajudou a cavar o sepultamento das vidas ali
ceifadas. Porém, há que se fazer uma pergunta, quem provocou a justiça, pois
pelo que se sabe, a juíza não despacharia uma ordem judicial sem que tivesse
sido provocada através de processo legal.
Quando se observa as tomadas televisivas,
vê-se também que a via de acesso tem postes de iluminação pública e portanto,
condução de energia elétrica até aos prédios e usando a lógica, pode-se
concluir também que água é levada a cada unidade. Quem fez as tratativas junto
as concessionárias de luz e água? Pois óbvio fica ainda, que os moradores
pagavam a energia usada. A não ser que todas sejam ligações clandestinas e
assim, furto de energia e água.
Hoje a imprensa noticia que outros prédios
serão demolidos. Ou seja: no Brasil o crime não paga taxa e nem impostos para
construir mas, o estado para demolir cobra o preço caro da vida de alguns
cidadãos, inclusive jovens no inicio do viver e até de famílias inteiras.
Por isso tudo acima é que se pode re afirmar:
este País não é sério e podemos ainda aguardar mais desgraças amanhã e quem
sabe, em maiores proporções, a não ser que os resultados das urnas de outubro
passado, tragam realmente a formação de nova mentalidade e se inicie o fim do
jeitinho e do sempre levar vantagem revogando-se, portanto, a Lei de Gerson.
Lúcio Reis
Belém do Pará-Brasil em 13/04/2019
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